quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

O Curso Teológico do Apóstolo Pedro


A ele anunciamos, admoestamos a todo homem, e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, para que apresentemos todo homem perfeito em Cristo.
Apóstolo Paulo (Colossenses 1.28)

Por Luiz Augusto*


Algumas pessoas criticam o preparo acadêmico considerando-o não só como atividade desnecessária à prática ministerial como também uma certa perda de tempo. Alguns líderes crêem que ao invés de investir num curso teológico, seria melhor investir numa faculdade onde se poderia esperar um retorno financeiro. Duas palavras devem ser ditas sobre este argumento. Uma para aqueles que desejam entrar por este caminho de pesquisa; outra para aqueles que tentam desincentivar os que desejam entrar neste caminho. Para os primeiros deve ser dito que a afirmativa dos desmotivadores é razoável, ou seja, não se deve esperar retorno financeiro do exercício teológico. Isso, por causa da natural cultura brasileira que ainda é infante nesse assunto; O tempo ainda não permitiu que a nação evangélica, ou protestante, conseguisse se popularizar o suficiente para ter inúmeras escolas, seminários, faculdades e universidades onde se pudesse ter a opção de desaguar a produção teológica que o estudante adquire em seus estudos, e com isso, ter seu retorno financeiro. Até mesmo algumas igrejas não descobriram o valor que o ministério de ensino tem para o seu crescimento saudável. Para os desmotivadores, no entanto, deve ser dito que não se pode desconsiderar que quem procura uma faculdade de Teologia, nem sempre o faz com esperança de retorno financeiro. Muitos desejam se aplicar ao estudo com o interesse de esclarecer dúvidas, que brotam naturalmente como efeito do novo nascimento e que nem sempre é satisfeita, por causa, em grande parte, pela falta de qualidade encontrada na liderança cristã, que falha na missão de “fazer discípulos” em sua plenitude, pois ignoram essa necessidade na igreja. Outros desejam aperfeiçoar seu intelecto, sendo este, uma dádiva de Deus, para defender a fé diante das objeções daqueles que a menosprezam e a ridicularizam.

Outro argumento, pelos que fazem apologia contra a formação acadêmica no campo teológico, é de que Deus usou homens sem muito estudo, o que evidencia que não há nenhuma necessidade de investimento teológico. Usam por exemplo, a atuação de Pedro no Novo Testamento, sendo este, um simples pescador. Algumas considerações precisam ser feitas sobre isso. Pedro era um pescador, mas falava pelo menos, três idiomas. O mundo era trilingue. Pesquisas apontam que além do grego, os habitantes da palestina falavam o aramaico e o hebraico, o que colocava Pedro numa condição privilegiada pois diferentemente de nós, que precisamos consultar dicionários para entender palavras originais, podia por exemplo saber as três formas diferentes da palavra amor, e seus respectivos significados, algo que nós só podemos saber quando estudamos a língua grega. Pedro era pescador mas conhecia a geografia da Palestina, e sem precisar de esforço algum, sabia por exemplo que o lugar onde o famoso templo de Jerusalém foi construído por Salomão era o mesmo lugar, chamado Monte Moriá, onde mil anos antes Abraão levantou um altar para sacrificar sobre o mesmo, o seu único filho, Isaque, e que próximo a este mesmo lugar, já no tempo de Jesus, ficava, a mais ou menos sessenta metros de distância, o Monte das Oliveiras, onde o Senhor pronunciou palavras proféticas de destruição para Jerusalém, enquanto chorava por ela, e em cuja base ocidental se encontra o jardim de Getsêmani, lugar onde se dirigira várias vezes e passou horas de angústia antes da crucifixão. Pedro era um simples pescador, mas conhecia a cultura de sua época, o que o fazia entender, por exemplo, a palavra “corbã” usada por Jesus para repreender os falsos religiosos, mas que sem o auxílio de pesquisas, seria impossível saber na atualidade que se tratava de um artigo, criado pelos fariseus, que permitia que os filhos não cuidassem de seus pais, mas se descomprometessem da responsabilidade de honrá-los financeiramente.
Se nosso moderno tempo de estudo teológico nos levar a entender um pouco daquilo que Pedro facilmente entendia, então estaremos no caminho. Portanto concluímos que a Teologia aprendida nos seminários ou faculdades, é nada mais que um começo para ter um pouco daquilo que Pedro tinha de uma forma superior à nossa, pois era-lhe algo cotidiano e natural.

A opinião é que para o ministério basta encher-se do Espírito Santo. Sobre essa afirmação, cabe dizer que ninguém em sã consciência se atreveria a admitir que a obra de Deus é feita com o academicismo sem atuação do Espírito. Nunca ouvi alguém afirmar isso. O que se conclui pela própria Escritura é que o Espírito realiza o seu papel, estando o ministro cristão preparado ou não. No entanto somos orientados a agir da forma mais apropriada que podemos. É sabido que o Senhor transforma água em vinho, mas também ordena que a mesma água seja antes posta pelos homens em seu devido lugar. Portanto devemos com toda a humildade encher-nos de sua palavra crendo que o conteúdo armazenado será transformado tanto para nós como para o suprimento de outros. Um dos fundamentos encontra-se numa ordem ao jovem Timóteo: “persiste em ler (ler as Escrituras publicamente), exortar e ensinar... medita estas coisas, ocupa-te nelas, para que o teu progresso seja manifesto a todos... Persevera nestas coisas; porque fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.” (I Timóteo 4.13, 15, 16)

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