domingo, 18 de novembro de 2012

Privilégio de Sermos Pregadores




No livro Lectures on Preaching (Lições sobre Pregação), o famoso pregador Phillips Brooks expressa de forma magistral o prazer de ser comissionado para o ministerio da pregação:


 “Regozijemo-nos uns com os outros porque, em um mundo onde existem tantas coisas boas e aceitáveis para os homens fazerem, Deus nos deu o que há de melhor e mais aceitável e nos tornou pregadores da sua Verdade”.¹

Phillips Brooks (1835 - 1893) foi um grande pregador, homem possuidor de saúde, mente viva e personalidade popular e atraente. Nasceu em Boston, educou-se em Harvard (1855). Recebeu o título honorário de Doutor pela Universidade de Oxford. Foi ordenado ministro em 1859. Trabalhou exaustivamente como pastor. Tornou a fé evangélica respeitável intelectualmente. Seus sermões eram lidos em toda a América e Grã-Bretanha. Ele dizia: "Nunca oro suplicando cargas mais leves, mas ombros mais fortes”. Pregou Jesus até o fim.²

 
 

1 Frase extraída do livro "Respostas as Perguntas Que os Pastores Semprem Fazem" de Warren W. Wiersb e Howard F. Sugden.
2 Extraído do site: http://www.revjbs.com.br/website/index.php?option=com_content&view=article&id=439:23-de-janeiro-phillips-brooks-1893&catid=1:artigos&Itemid=3

Por Luiz Augusto

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Uma boa palavra sobre dízimo

Aconselho de todo coração que este artigo seja lido com um espírito de aprendizado. Nâo é um tratado mas põe o tema em seu devido lugar, diferentemente do modo errôneo como tem sido ensinado e pregado. Escrito por um ministro presbiteriano cujas credenciais são exemplares, pois antes de pensador, é um homem espiritual, comprometido com uma correta interpretação bíblica.

Basta copiar o link abaixo e colar no local de endereço.

palavraplena.typepad.com/accosta/2010/01/d%C3%ADzimo-n%C3%A3o-%C3%A9-b%C3%ADblico.html

Luiz Augusto.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

O Curso Teológico do Apóstolo Pedro


A ele anunciamos, admoestamos a todo homem, e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, para que apresentemos todo homem perfeito em Cristo.
Apóstolo Paulo (Colossenses 1.28)

Por Luiz Augusto*


Algumas pessoas criticam o preparo acadêmico considerando-o não só como atividade desnecessária à prática ministerial como também uma certa perda de tempo. Alguns líderes crêem que ao invés de investir num curso teológico, seria melhor investir numa faculdade onde se poderia esperar um retorno financeiro. Duas palavras devem ser ditas sobre este argumento. Uma para aqueles que desejam entrar por este caminho de pesquisa; outra para aqueles que tentam desincentivar os que desejam entrar neste caminho. Para os primeiros deve ser dito que a afirmativa dos desmotivadores é razoável, ou seja, não se deve esperar retorno financeiro do exercício teológico. Isso, por causa da natural cultura brasileira que ainda é infante nesse assunto; O tempo ainda não permitiu que a nação evangélica, ou protestante, conseguisse se popularizar o suficiente para ter inúmeras escolas, seminários, faculdades e universidades onde se pudesse ter a opção de desaguar a produção teológica que o estudante adquire em seus estudos, e com isso, ter seu retorno financeiro. Até mesmo algumas igrejas não descobriram o valor que o ministério de ensino tem para o seu crescimento saudável. Para os desmotivadores, no entanto, deve ser dito que não se pode desconsiderar que quem procura uma faculdade de Teologia, nem sempre o faz com esperança de retorno financeiro. Muitos desejam se aplicar ao estudo com o interesse de esclarecer dúvidas, que brotam naturalmente como efeito do novo nascimento e que nem sempre é satisfeita, por causa, em grande parte, pela falta de qualidade encontrada na liderança cristã, que falha na missão de “fazer discípulos” em sua plenitude, pois ignoram essa necessidade na igreja. Outros desejam aperfeiçoar seu intelecto, sendo este, uma dádiva de Deus, para defender a fé diante das objeções daqueles que a menosprezam e a ridicularizam.

Outro argumento, pelos que fazem apologia contra a formação acadêmica no campo teológico, é de que Deus usou homens sem muito estudo, o que evidencia que não há nenhuma necessidade de investimento teológico. Usam por exemplo, a atuação de Pedro no Novo Testamento, sendo este, um simples pescador. Algumas considerações precisam ser feitas sobre isso. Pedro era um pescador, mas falava pelo menos, três idiomas. O mundo era trilingue. Pesquisas apontam que além do grego, os habitantes da palestina falavam o aramaico e o hebraico, o que colocava Pedro numa condição privilegiada pois diferentemente de nós, que precisamos consultar dicionários para entender palavras originais, podia por exemplo saber as três formas diferentes da palavra amor, e seus respectivos significados, algo que nós só podemos saber quando estudamos a língua grega. Pedro era pescador mas conhecia a geografia da Palestina, e sem precisar de esforço algum, sabia por exemplo que o lugar onde o famoso templo de Jerusalém foi construído por Salomão era o mesmo lugar, chamado Monte Moriá, onde mil anos antes Abraão levantou um altar para sacrificar sobre o mesmo, o seu único filho, Isaque, e que próximo a este mesmo lugar, já no tempo de Jesus, ficava, a mais ou menos sessenta metros de distância, o Monte das Oliveiras, onde o Senhor pronunciou palavras proféticas de destruição para Jerusalém, enquanto chorava por ela, e em cuja base ocidental se encontra o jardim de Getsêmani, lugar onde se dirigira várias vezes e passou horas de angústia antes da crucifixão. Pedro era um simples pescador, mas conhecia a cultura de sua época, o que o fazia entender, por exemplo, a palavra “corbã” usada por Jesus para repreender os falsos religiosos, mas que sem o auxílio de pesquisas, seria impossível saber na atualidade que se tratava de um artigo, criado pelos fariseus, que permitia que os filhos não cuidassem de seus pais, mas se descomprometessem da responsabilidade de honrá-los financeiramente.
Se nosso moderno tempo de estudo teológico nos levar a entender um pouco daquilo que Pedro facilmente entendia, então estaremos no caminho. Portanto concluímos que a Teologia aprendida nos seminários ou faculdades, é nada mais que um começo para ter um pouco daquilo que Pedro tinha de uma forma superior à nossa, pois era-lhe algo cotidiano e natural.

A opinião é que para o ministério basta encher-se do Espírito Santo. Sobre essa afirmação, cabe dizer que ninguém em sã consciência se atreveria a admitir que a obra de Deus é feita com o academicismo sem atuação do Espírito. Nunca ouvi alguém afirmar isso. O que se conclui pela própria Escritura é que o Espírito realiza o seu papel, estando o ministro cristão preparado ou não. No entanto somos orientados a agir da forma mais apropriada que podemos. É sabido que o Senhor transforma água em vinho, mas também ordena que a mesma água seja antes posta pelos homens em seu devido lugar. Portanto devemos com toda a humildade encher-nos de sua palavra crendo que o conteúdo armazenado será transformado tanto para nós como para o suprimento de outros. Um dos fundamentos encontra-se numa ordem ao jovem Timóteo: “persiste em ler (ler as Escrituras publicamente), exortar e ensinar... medita estas coisas, ocupa-te nelas, para que o teu progresso seja manifesto a todos... Persevera nestas coisas; porque fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.” (I Timóteo 4.13, 15, 16)

Reforma Lítúrgica

Leiam por favor com profundo sentimento de humildade, o artigo cujo link direciona. O texto foi elaborado pelo rev. Antonio Carlos Costa e mostra como deveria ser os nossos cultos.

Luiz Augusto.

Caso não abra, ao clicar, copie o link e cole no local de endereço.

http://palavraplena.typepad.com/accosta/2009/06/a-.html

John Stott – Um líder de respeito


Wesley Duewel, diz sobre John Wesley, em seu livro "Em chamas para Deus", que o referido ministro fora a mente, "cuja vida influenciaria a civilização durante "séculos ou talvez milênios", caso a raça humana durasse tanto!". Encontro nessa afirmação, palavras que podem expressar o valor de outro inglês, também John, que nos deixou no dia 27 de julho deste ano de 2011. A dimensão do que deixou para o Cristianismo, não pode ser medida neste lado da eternidade, pois Stott reunia o que diametralmente falta de forma majoritária nos ministros de hoje: piedade, fervor, humildade, intelectualismo e comprometimento. Tudo de forma exageradamente profunda. Sou influenciado por ele; e quem sério também não é? O que nos resta? Agradecer ao bondoso Deus por sermos afetados pelos benefícios desta instrumentalidade e por sermos testemunhas, que de fato, homens deste quilate abençoam este mundo. Obrigado Senhor, pelo tempo que nos concedeste John Stott.

Por Luiz Augusto.

CASAMENTO REAL

Por Luiz Augusto

Regozijemo-nos, e exulte- temos, e demos-lhe a glória! Pois são chegadas as bodas do Cordeiro, e já a sua noiva se aprontou. Apocalipse 19.7

Toda semana em alguma igreja acontece uma cerimônia de casamento. Mas assistir a um casamento de princesa não é comum. Foi o que aconteceu há algumas semanas atrás na Inglaterra quando duas bilhões de pessoas no mundo acompanharam a cerimônia de casamento do filho da princesa Diana, Príncipe William com a princesa Kate Middleton.
Muitas coisas chamaram a atenção: A beleza da Abadia de Westminster, que é considerada a igreja mais importante de Londres e até da Inglaterra. Outro ponto que destacou foi a pontualidade: foi dito que a princesa Kate não poderia se atrasar.
O casamento acabou despertando em muitos lugares o interesse em se casar com vestido de noiva e festa.
A Bíblia também fala do casamento. Na parábola das virgens imprudentes nós aprendemos um pouco de como era a cerimônia na época de Jesus. Ela também registra mandamentos para o casal praticar.
Porém a Bíblia está cheia de símbolos para facilitar o nosso aprendizado e o casamento é um deles.
Mas o que casamento representa? O casamento é uma representação do relacionamento entre Jesus e sua igreja. Mas por quê? Eu concluo que o casamento consegue reunir alguns elementos que descreve a forma como a igreja de Jesus deve se relacionar com ele.

Isso porque:

1. O casamento é uma das representações do amor.
Eu não diria a única porque o amor de mãe e pai também é usado como exemplo na Bíblia.
O casamento é antigo. O primeiro a realizar um casamento na Bíblia foi Deus no Jardim do Éden. Desde então a história registra muitas histórias de casamentos e nos informa que muitos deles eram arranjados, ou seja, onde se obrigavam as pessoas a se casar sem gostar um do outro.
Mas o que desperta a atenção é quando o casamento é baseado numa história de amor. Foi o que chamou a atenção do casamento real. Até um livro foi escrito com o tema: William & Kate - uma história de amor real – lançado pela editora Globo.
Aplicação: Que Jesus ama sua Igreja e que Deus ama o mundo, todos sabemos. Mas nós amamos a Deus?
Quando perguntaram a Jesus qual era o maior mandamento de Deus ele Respondeu: “Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças.” Mc 12.30. As vezes a gente se esquece que isso é um mandamento!
Um comentarista especialista no livro de Marcos diz o seguinte sobre este versículo: “Tal amor não é um sentimento emocional, mas o princípio ativo que rege toda a personalidade.” Quer dizer, princípio que rege toda a personalidade, ou seja, forma de pensar, sentir e agir.
Esse é um elemento do casamento: quem casa não pode tomar decisões baseados em si mesmo mas pensando em seu companheiro.

2. O casamento é um estado que permite admirar e expressar o amor que se sente.
Quem ama, expressará isso de alguma forma, em algum momento da vida.
O casamento da princesa serve de exemplo. Um site publicou o seguinte: “Você está linda”. Estas teriam sido as primeiras palavras ditas pelo príncipe William ao ver a noiva, Kate Middleton, pós sua chegada à abadia de Westminster, na manhã de sexta-feira, 29 de abril, segundo o jornal britânico The Guardian.O jornal teve a ajuda de um especialista em leitura labial para identificar a fala de William a Kate. O elogio teria sido feito após Kate ser encaminhada ao altar da abadia pelo pai, Michael Middleton.
Aplicação: Todos sabemos que Deus não apenas diz mas também prova esse amor; expressa esse amor. Mas nós expressamos?
Um estudo realizado pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo divulgou que embora os casais jurem amor eterno durante a celebração, as estatísticas do IBGE afirmam que 70% deles permanecerão juntos, na maior parte dos casos, por até dez anos.
Será que nós podemos jurar amor eterno hoje e vendê-lo por trinta moedas amanhã, como Judas? Eu penso que Jesus espera mais de nós porque muitas vezes as pessoas o trocam. Precisamos lembrar que o amor dele é eterno, portanto o nosso também deve ser.
A expressão é um meio de saber se o amamos ou não. Nós expressamos? Os Salmos nos estimulam a isso.
Que possamos dizer como Davi no Salmo 18.1 Eu te amo, ó Senhor, força minha; ou no Salmo 48.1: Grande é o Senhor e mui digno de ser louvado, na cidade do nosso Deus, no seu monte santo.
Olhar para o céu, ou a natureza me leva a admirar e expressar meu amor ou será que os céus já não mais declaram a glória de Deus, e o firmamento não proclama mais a obra das suas mãos? (Salmo 19.1)
Se a pergunta de Jesus: “Pedro tu me amas”, fosse feita a nós, o que nós faríamos? Nós diríamos ou mostraríamos pois quando Pedro a responde é levado a demonstrar esse amor... “apascenta as minhas ovelhas.”

3. O casamento é um estado onde o egoísmo perde sua forças.
Uma cena marcante do casamento da princesa foi quando a princesa Kate na saída da igreja pergunta ao príncipe: "E Agora, você está feliz?" William: "Sim.
Aplicação: Eu me importo se Jesus está feliz comigo?
O casamento em sua normalidade é expressão máxima do altruísmo. É dever do casal se esforçar na tentativa de alegrar um ao outro.

Lucas 10.21 mostra o momento em que Jesus se alegra com setenta de seus discípulos quando eles voltam da missão ordenada. A palavra alegria significa exultar, regozijar-se extremamente, estar cheio de alegria, ter alegria excessiva. Tal sentido mostra que o que realmente alegra nosso Senhor é ver sua Igreja fazendo aquilo que veio fazer.

Conclusão: O amor que dizemos ter por Deus tem realmente transformado toda a nossa maneira de pensar, sentir e agir?
A beleza divina tem sido motivo para minha admiração?
Tenho feito o meu Senhor feliz?
Então esse é o verdadeiro casamento real.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Um verdadeiro ministro com um verdadeiro sermão

Vale conferir este sermão de Jonathan Edwards sendo exposto por um dos ministros mais santos de nossa pátria, reverendo Antonio Carlos Costa, pastor na Igreja Presbiteriana da Barra da Tijuca no Rio de Janeiro.
http://www.youtube.com/watch?v=hlYTV_YUmE0

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Continuidade

Queridos irmãos e amigos leitores do blog. Deste o falecimento de meu pai, dediquei-me a outras atividades, deixando de escrever para o blog. Não abandonei os estudos; ao contrário; continuei dedicando-me a buscar água na fonte para ao mesmo tempo, saciar minha alma e também dividir com outros. Quero agradecer a todos que têm acompanhado os artigos e deixado seus comentários. Muito me alegra. Portanto, espero que aqueles que lêem, continuem deixando os seus escritos. Pretendo após essa parada, continuar escrevendo com o propósito de edificar o corpo de Cristo. Que o bondoso Deus seja engrandecido.

Fraternalmente em Cristo

Luiz Augusto

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

PAI AMIGO

Esse ano marcou muito a minha vida. Em 5 de maio meu pai foi retirado de cena subitamente. Desde então não escrevi mais nada no blog. Porém antes que findasse o ano resolvi deixar o registro sobre a importância que ele teve pra mim. Sinto um orgulho imenso por ter conhecido um homem com as qualidades que ele teve. Desde pequeno a imagem que tenho dele pode ser resumida como um grande herói. Sempre trabalhando para prover o melhor. Com sua partida um pedaço de mim também se vai.

Meu pai era meu melhor amigo. Que bom que pude falar isso pra ele muitas vezes e não como acontece com muitos que só descobrem o valor das pessoas quando estas se vão. Na verdade eu já pensava e muito que essa hora chegaria, embora não imaginasse que viria tão rápido. Porém, por saber que viveria esse momento de falta, é que aproveitei para fazer o que pude para expressar meu amor por ele.

Minha fé não foi abalada em nada em virtude disso. Ao contrário. Vi Deus agir de forma inexplicável, controlando todos os eventos que precederam a ida de meu pai. Sei que “nenhum passarinho cai em terra sem o consentimento do Pai”. Portanto, agradeço ao meu Pai celeste por me conceder por 33 anos o meu querido pai José Luis Moraes, nascido em Nova Friburgo, Estado do Rio de Janeiro, no dia 1º de abril de 1954 (dia da mentira – que ele tanto citava como tendo o direito de “pegar umas mentirinhas” por ter nascido no dia). Descanse em paz meu querido pai. Espero vê-lo novamente. Amor eterno entre nós.

De seu querido filho e com muitas saudades.

Luiz Augusto de Souza Moraes

28-12-2010

domingo, 25 de abril de 2010

Cristianismo-Negócio

Retirei esta frase em sua língua original. Depois encontrei uma tradução em português que a atribui a Richard C. Halverson (1916-1995) pastor americano.


Dipensa comentários quanto a realidade que ela expressa para a atualidade mundial




"Christianity began as a personal relationship with Jesus Christ. When it went to Athens, it became a philosophy. When it went to Rome, it became an organization. When it went to Europe, it became a culture. When it came to America, it became a business."


"O Cristianismo começou como um relacionamento pessoal com Jesus Cristo. Quando ele foi para Atenas, tornou-se uma filosofia. Quando ele foi para Roma, tornou-se uma organização. Quando foi para a Europa, tornou-se uma cultura. Quando ele veio para a América, tornou-se um negócio. "





Que Deus conceda sua graça misericordiosa diante de tantos equívocos.

Luiz Augusto

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Desonra ou Privilégio II


Yancey também fala da condição de ser pobre como uma virtude:

"Por que Deus destacaria os pobres para atenção especial em detrimento de qualquer outro grupo?, eu ficava imaginando. O que “faz os pobres merecerem a preocupação de Deus? Recebi ajuda nessa pergunta de uma escritora chamada Monika Hellwig, que faz uma lista das seguintes “vantagens” de ser pobre:

1. Os pobres sabem que têm premente necessidade de redenção.

2. Os pobres reconhecem não apenas sua dependência de Deus e de gente poderosa como também sua interdepen­dência uns dos outros.

3. Os pobres depositam a segurança não nas coisas, mas nas pessoas.

4. Os pobres não têm um senso exagerado de sua própria importância e nenhuma necessidade exagerada de privaci­dade.

5. Os pobres esperam pouco da competição e muito da coope­ração.

6. Os pobres conseguem distinguir entre necessidade e luxo.

7. Os pobres podem esperar, porque adquiriram uma espécie de paciência obstinada nascida de uma dependência reconhecida.

8. Os temores dos pobres são mais realistas e menos exage­rados, porque já sabem que a pessoa pode sobreviver a grandes sofrimentos e necessidades.

9. Quando os pobres ouvem a pregação do evangelho, ele soa como boas novas e não como uma ameaça ou repre­ensão.

10. Os pobres podem reagir ao apelo do evangelho com certo abandono e com uma inteireza descomplicada porque têm tão pouco a perder e estão prontos para tudo.
Em suma, não por escolha própria — podem intensamente desejar o contrário —, as pessoas pobres encontram-se em uma postura que se encaixa na graça de Deus. Em sua condição de necessidade, de dependência e de insatisfação com a vida, podem dar boas vindas ao livre dom do amor de Deus."[1]

Luiz Augusto


[1] YANCEY, Philip. O Jesus Que Eu Nuca Conheci. 1. ed. São Paulo: Vida, 2002.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Desonra ou Privilégio?


Quando nós olhamos as condições dos mais abastados e fazemos algumas comparações por nos encontrarmos privados de certos confortos nesta vida, nos inferiorizamos e até nos desprezamos. Isso se dá porque no capitalismo ocidental somos tentados a viver como a coletividade vive: consumindo mais e mais. Por isso não basta ter; é preciso ter muito e de preferência que esse montante tangível se renove de tempo em tempo. Isso se aplica as TV’s, carros, celulares, aparelhos de som, etc. Quando não conseguimos viver nesse padrão, nos frustramos. No entanto esquecemos que Jesus não viveu num padrão privilegiado de vida mas além de ter sido um homem de realizações modestas quanto a bens, nos brindou com sua atenção para os pobres. Não poderia deixar de citar Philip Yancey, um dos maiores escritores cristãos da atualidade, que em seu livro “O Jesus que eu nunca conheci” trata deste assunto ao dizer:

"A sociedade moderna vive por regras de sobrevivência dos mais capacitados. “Aquele que morre com mais brinquedos é o vencedor”, diz a frase de um pára-choque. Da mesma forma a nação com as melhores armas e com o maior PIB. O proprietário dos Chicago Bulls apresentou um resumo compacto das regras que governam o mundo visível na ocasião da aposentadoria (temporária) de Michael Jordan. “Ele está vivendo o sonho americano”, disse Jerry Reinsdorf. “O sonho americano é atingir um momento na vida em que não é preciso fazer nada que você não queira e em que pode fazer tudo o que quer.”

Esse pode ser o sonho americano, mas sem dúvida não é o sonho de Jesus conforme revelado nas bem-aventuranças. As bem-aventuranças expressam com bastante clareza que Deus avalia este mundo por um conjunto de lentes. Deus parece preferir os pobres e os que choram, à Loteria Federal e aos supermodelos que se divertem na praia. É estranho, Deus pode preferir a América Latina do Centro e do Sul à praia de Malibu, e Ruanda a Monte Carlo. Na verdade, poder-se-ia colocar um subtítulo no sermão do monte, não a “sobrevivência dos mais aptos”, mas o “triunfo das vítimas”.



Diversas cenas nos evangelhos apresentam um bom quadro do tipo de pessoas que impressionou Jesus. Uma viúva que colocou seus últimos dois centavos como oferta. Um desonesto cobrador de impostos tão arrasado pela ansiedade que subiu em uma árvore para ter uma visão melhor de Jesus. Uma criança sem nome, sem descrição. Uma mulher com uma fileira de casamentos infelizes. Um mendigo cego. Uma adúltera. Um homem com lepra. A força, a boa aparência, as boas relações e um instinto competitivo podem trazer o sucesso para uma pessoa em uma sociedade como a nossa, mas são exatamente aquelas qualidades que bloqueiam a entrada no reino do céu. A dependência, a tristeza, o arrependimento, um anseio de mudar — esses são os portões para o reino de Deus."[1]


Luiz Augusto



[1] YANCEY, Philip. O Jesus Que Eu Nuca Conheci. 1. ed. São Paulo: Vida, 2002.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O sono do calor


Landa Cope, conferencista da bem conhecida organização JOCUM (Jovens com Uma Missão) escreve em seu livro, Modelo Social do Antigo Testamento, que um dos grandes erros na igrejas é o fato delas pregarem a Salvação como a única mensagem cristã. Isso se deve ao fato da salvação ser um conteúdo composto de vários elementos e não apenas relacionado a condição de perecimento da alma. Ensinar às pessoas que ser salvo significa apenas possuir a vida eterna mas não lhas ensinar que também é uma condição de vida onde se é observado sinais básicos de mudanças de caráter e ética, ou seja, frutos visíveis, configura-se num erro lastimável. Isso explica porque muitos cristãos não possuem o senso de responsabilidade com o próximo, com os bens que possui e aí por diante. Aprenderam que irão para o conforto eterno algum dia mas não aprenderam, enquanto peregrinam nesta vida, dar conforto aos que sofrem. Tampouco aprenderam sobre o ser justo, verdadeiro, humilde, honesto, comprometido, pontual, desprendido, etc., porque infelizmente não ouviram mensagens que os responsabilizavam a isso. Para que o mundo melhore não basta que as pessoas se sintam salvas mas que elas expressem que essa salvação começa aqui e que é capaz de mudar aqueles que vivem em seu meio.

Landa conclui que os cristãos não têm influenciado o meio em que vivem e isso é atestado por muitas cidades não estarem mudando para melhor mas para pior. Pesquisas mostram, segundo Landa, que é necessário somente 20% de uma sociedade com o mesmo ideal para que possa influenciar e até liderar os outros 80% numa determinada direção. Ainda segundo a pregadora, essa verdade sociológica não se harmonizava com a cidade americana de Dallas, no estado do Texas, que possuia, na época em que a pesquisa foi realizada, cerca de 20% de cidadãos protestantes, fazendo-a ser considerada como a cidade mais evangélica per capita do país. Mesmo se enquadrando no perfil social que a fazia ser exemplo dessa verdade, a cidade de Dallas contradizia a pesquisa, apresentando altos índices de fatores sociais descomprometidos dos valores cristãos, como crime, imoralidade, pobreza, corrupção, justiça, doenças, drogas, falta de moradia e analfabetismo. Por quê os 20% dos cristão de Dallas não estavam conseguindo influenciar o restante de seus cidadãos? O que explicaria essa desarmonia, é a fato dos cristãos não refletirem valores na direção horizontal, ou seja, aqueles que atingem os que estão ao seu redor, mas de enfatizarem apenas aqueles de ordem vertical. Os cristão de Dallas haviam relaxado em suas práticas e portanto, o resultado não poderia ser outro senão uma desordem social. Sob essa ótica, a salvação torna-se uma mensagem que não só transforma o homem para Deus, mas o homem para o seu próximo.

Um amigo em meu trabalho repassou-me uma frase que ouviu certa vez e que expressa bem esse artigo:

“Se o fogo que há em ti se apagar, morrerão de frio os que estão ao seu redor.”

Isso explica um mundo que a cada dia se esfria mais.


Luiz Augusto

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Momento Próspero




Lembro-me de um professor na época em que cursava o seminário teológico. Ele não desejava próspero ano novo, como muitos desejam, mas dizia: “que eu possa fazer você próspero, pelo menos um dia nesse próximo ano”. Isso realmente tem fundamento pois muitas vezes desejamos prosperidades para as pessoas, mas nem sempre fazemos algo para prosperar aqueles com quem convivemos. Se Jesus morasse na cidade que vivemos e vivesse a vida como a maioria da população, quantas pessoas não colocariam carros a sua disposição? Quem sabe até não lhe doariam quantias orbitais? Será que não comprariam uma bela casa para ele? Só que nos esquecemos que não fazemos nenhuma porcentagem dessas coisas para aqueles que vivem ao nosso redor. Talvez não seja necessário fazer muito. Basta fazer próspero um dia, algumas horas ou apenas algum momento. Afinal a boa e velha declaração de Jesus continua a mesma:

“...quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”

(Evangelho de Mateus 25.40)

Feliz Ano Novo

Por Luiz Augusto

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Jesus, obrigado porque você veio




Como seria o mundo se Jesus não tivesse vindo? Em que nos apoiaríamos quando nos sentíssemos sós, desamparados ou injustiçados? Que esperança teríamos ao vermos a força da morte imperando entre os homens? Não poderíamos dizer como Pedro: “Para onde vamos nós? Só tu tens as palavras de vida eterna.” No entanto, a vinda de Jesus nos fornece a esperança para tudo que vivemos neste mundo. Quando nos sentimos sós, ele nos diz: “Estou contigo todos os dias até os fins dos séculos.” Quando assistimos a morte operando, ouvimos: “Eu sou a ressurreição e a vida, quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá.”
Se hoje podemos ouvir essas palavras é porque ele veio até nós. È pena que para muitos, Cristo ainda não nasceu; muitos por ignorância; outros por opção. Ainda pode-se dizer para muitos que “a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a luz.” Ele veio e o mundo não foi mais o mesmo. Se não tivesse vindo, não haveria sentido para nossa vida. A morte seria vista como o fim e nada poderia nos consolar. Mas por ter vindo podemos dizer; “onde está ó morte o teu aguilhão? Onde está ó morte a tua vitória?" Ele veio. E ele disse porque veio: “Eu vim para que tenham vida, e vida em abundância”. Um de seus discípulos – João – também nos informa porque ele veio: “para destruir as obras do diabo.” Devemos ser gratos por sua vinda, afinal não há nada em nós que o possa atrair. Ele veio não porque merecemos, mas é por pura e genuína graça. Deveríamos dizer como Pedro: “afasta-te de mim, que sou homem pecador”. Mas ainda que disséssemos, ele nos diria: “Segue-me”.
Ainda bem que ele se importou e veio até nós.

Que hoje possamos simplesmente dizer:

OBRIGADO JESUS, PORQUE VOCÊ VEIO.

Mas para os que estavam aflitos não haverá mais obscuridade... O povo que andava em trevas, viu uma grande luz; sobre os que habitavam na região da sombra da morte resplandeceu a luz. (Isaías 9.1,2)

Feliz Natal para todos.

Luiz Augusto

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Doutrina seca, Igreja seca


A luta por uma igreja saudável deveria ser um dos elementos principais dos filhos de Deus. Principalmente entre aqueles que a presidem. O quadro que vejo nos últimos anos, me faz desejar escrever um pouco. Sei que muitos podem criticar mas não vejo outra opção senão levar um pouco de reflexão - pelo menos tenho procurado fazer isso com fontes honestas. Não é apenas a minha experiência pessoal não; é também a de muitos que tenho conversado e que têm sido vítimas da ignorância e principalmente teimosia de um sistema de líderes irredutíveis que têm levado comunidades inteiras a certos ideais próprios. Muitos deles, convictos de que suas igrejas estão realmente cumprindo o chamado de Cristo. Qual o fenômeno observado? Uma igreja rasa que mal conhece as coisas simples do Evangelho, e que vive mistificando e excluindo e quase nunca realizando e incluindo.

Não se pode esperar que isso resulte num relacionamento saudável entre Igreja e Deus, e Igreja e sociedade. Crer corretamente, inevitavelmente influenciará o praticar corretamente. Portanto, se o praticar está comprometido, a causa está na base; nas crenças. Se os líderes fizessem um balanço sobre se suas igrejas estão realmente satisfeitas com a posição em que se encontram - digo com base no depoimento de muitos irmãos - se surpreenderiam o quão secos muitos têm se sentido. O grande problema do protestantismo ou evangelicalismo moderno atual, é que o modelo adotado não é diferente daquele adotado pelo romanismo: mais fundamentado em tradições do que em profundas proposições coerentes. Os protestantes brasileiros não sabem quem são; não conhecem sua história. Se conhecessem, saberiam que muitos costumes que adotaram no dia-a-dia da Igreja, não possuem nenhum fundamento nas Escrituras.

Uma das partes mais difíceis nesse trabalho é essa: convencer os líderes a examinar a Bíblia nos originais e pôr à prova as suas crenças. Como é difícil tentar convencer um pastor que sua opinião está em desarmonia com a ordoxia! Que sua teologia é fundamentada na superficie. O fundamento perfeito, é aquele sondado e extraído da fonte correta e não aquele que é estribado no "achismo" pessoal ou coletivo. Não é necessário muito tempo para descobrir o quanto uma congregação é seca em sua práxis diária, basta conversar com seu líder por 5 minutos e será possível definir se a congregação a qual Deus o comissionou é saudável ou não. Podemos ser árvores frondosas ou apenas galhos secos, assim como podemos ser rios fartos ou apenas terras secas. Depende de nós mesmos.

O Rev. Dr. Héber Carlos de Campos disse: ”O crescimento do protestantismo no Brasil é como um grande rio que se espraia por todos os lados, porém raso e sem profundidade”.[1]




Por Luiz Augusto




[1] Heber Carlos de Campos: É Pastor Presbiteriano; Doutor em Teologia Sistemática pelo Concórdia Theological Seminary, EUA; Mestre em Teologia Contemporânea pelo Seminário Presbiteriano Rev. José Manoel da Conceição, Brasil; Professor titular de Teologia Sistemática do Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Igreja Abandonada II



Tenho concluído que muitos já não querem a verdade. Isso é uma lástima! Digo isso pois tive a oportunidade, como professor de Teologia, de lecionar mais de 25 matérias teólogicas em alguns seminários interdenominacionais e alguns denominacionais e observei, dessa experiência, além daquelas tiradas do próprio convívio das comunidades de fé, que é comum ver a aceitação de certas posições erradas dentro da Igreja Cristã, como se fossem verdades absolutas. Esse é reflexo de uma cultura protestante pobre de conteúdo onde a verdade cristã é ocultada e substituída por tantas corrupções.

Dizemos querer um avivamento e uma reforma mas quando qualquer pessoa se levanta propondo mudanças decentes e apropriadas, diminuindo o abismo do que era a Igreja do primeiro século e a atual, suprimimos ou pelo menos preterimos as possíveis idéias. Será que aqueles que agem dessa forma não fariam o mesmo que o Sinédrio do passado fez com Jesus? Será que também não perseguiriam Martinho Lutero como fizeram alguns de sua época?


A conclusão do que se observa é que não há interesse de nenhuma mudança positiva pois nenhum passo é dado para isso. Tampouco se aceita a possibilidade de diálogo e investigação para ver o quanto de equívocos ultrapassados há dentro do Cristianismo. A verdade é que muitos querem a Igreja como está: ignorante e manipulada.

Luiz Augusto

domingo, 29 de novembro de 2009

O exame das Escrituras é respeito a Deus


Um dos erros básicos no Cristianismo é o uso deliberado de versículos da Bíblia para fundamentar idéias que não possuem nenhuma relação entre si. Como se fosse algo perfeitamente normal, esse tipo de erro é observado entre a maioria dos pregadores que, para enxertarem suas opiniões, retiram do texto bíblico algumas porções sem nenhuma lógica. Qual o problema nisso? Dois a princípio:

1º Ofender ao Santo Deus

Essa disfunção talvez não tenha ainda importância para nós porque nunca fomos persuadidos a encará-lo como erro. Deveríamos temer o resultado por tamanho descaso para com algo de importância para o Deus-Todo-Poderoso: A Sua Palavra. Usá-la de qualquer maneira sem cuidado e temor é ofensa a Ele. Aplicá-la de modo correto é tão importante como a prescrição de um medicamento que, do ponto de vista médico, pode ser terapêutico mas torna-se letal para uma vida, caso seja utilizado incorretamente. Aplicá-la de forma errada não é tão diferente dos falsos profetas que afirmavam, no tempo da primeira aliança, Deus lhes haver falado quando na verdade não havia. Dizer que Deus falou a alguém, quando não o fez, afirmar que ele não falou, quando na verdade falou, ou alterar o conteúdo do que disse, é o mesmo erro.

É muito pouco provável que o Senhor Deus não se importe que suas palavras sejam aplicadas de forma descuidada e pouco edificante para a mente humana, visto que Ele em suas eternas providências, inspirou o homem, fazendo-o instrumento de Suas Revelações para propósitos específicos. Não há como entender o contrário ou teríamos que mudar o texto de Tiago 3.1 em que diz: "Meus irmãos, não sejais muitos de vós mestres, sabendo que receberemos um juízo mais severo". Por quê haveria a recomendação para que não muitos fossem mestres? Diante disso surge outra pergunta: quantos têm sido mestres sem o real entendimento do ofício? Será que este texto de Tiago é de pouca importância? De forma alguma. Dele pode ser dito o mesmo que Cristo disse em certa ocasião: “está escrito”. Podemos dizer enfaticamente: “está escrito”: não sejais muitos de vós mestres.. Que recomendação pouco seguida é essa! Muitos se acham aptos para o ensino, enquanto vivem em completa escuridão. Cegos conduzindo outros. Devemos temer em pregar o Evangelho de qualquer maneira. Pelo que se entende do Deus Santo, quando este emite sua Palavra, o faz para alcançar propósitos específicos como diz Isaías 55.11 “assim será a palavra que sair da minha boca: Ela na voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei”. Uma das verdades nesse texto é que a Palavra de Deus é enviada com um propósito.

Conclui-se que nossa tarefa é apenas explicar, dentro de seu próprio contexto, qual é essa Palavra, qual a razão de Deus enviá-la e as lições que podemos tirar desses fatos. Sendo apenas portadores e não autores dessas eternas Palavras, cabe-nos, apenas, difundi-las sem alterá-las à nossa própria maneira. Ao fazermos isso, o Espírito se encarregará de encaixá-la na vida de cada ouvinte.
O prefácio à primeira edição inglesa de “O Novo Comentário da Bíblia”, registra a conclusão de Francis Davidson, Alan M. Stibbs e Ernest F. Kevan[1] que mostra um efeito natural do texto sagrado, quando este é usado corretamente:

“As Santas Escrituras possuem um modo todo especial de aplicar sua própria mensagem aos corações e às consciências dos homens, quando apropriadamente compreendidas.”

Esse é nosso papel: Fazer os homens compreender de forma apropriada as Santas Escrituras. O restante é ação do Espírito.

2° Criar expectativas em falsas doutrinas além de roubar a verdade ao invés de promovê-la.

Milhares de pessoas sofrem por causa de interpretações erradas. Versículos que deveriam receber o devido lugar na crença cristã, são substituídos para práticas pouco edificantes. Isso faz que a verdade seja adiada enquanto pessoas famintas anseiam por ela tão quanto uma corça pelas águas. Quantos textos próprios da primeira aliança são enfatizados como regras para a igreja neotestamentária. Quantos versículos são usados criando hábitos pouco eficazes entre os cristãos. Os que agem assim precisam ouvir o mesmo que os fariseus: “Atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem nos ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem move-los[2]”. E daqueles que ensinam sempre o mesmo assunto em suas congregações, como a obtenção de bênçãos e milagres sem anunciar outros assuntos da Escritura. Jamais poderão dizer como Paulo: “eu nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus.[3]

Não bastam ferro e potássio no organismo. Também são necessários os carboidratos, as vitaminas e as proteínas. E tais elementos é o resultado da ingestão de variados alimentos. O mesmo se dá com o intelecto do nascido de novo. É preciso alimento variado para o crescimento espiritual. Jesus disse “necessário vos é nascer de novo” e sabendo-se que o crescimento é lei entre os homens, concluimos que também “necessário é crescer de novo”; e uma das instrumentalidades para isso é o exame das Escrituras que, em sua composição, apresenta toda a substância para um crescimento saudável. Não fomos chamados a roubar a verdade mas a promovê-la.
Quantos de nós morreremos sem contudo ter aprendido verdades tão simples em textos tão usuais porque aqueles que diziam ser chamados para uma obra tão excelente, não dedicaram a virtude da paciência para examinar as Escrituras corretamente e servi-la como um bom garçom.




Lidar com cuidado com a Palavra é sinal de respeito com Deus e seus filhos.
Luiz Augusto



[1] Francis Davidson, M.A., D.D., ex-professor do Antigo Testamento e da Linguagem e Literatura do Novo Testamento, United Original Secession Church of Scotland e Reitor do Bible Training Isntitute, Glasgow.
Rev. A. M. Stibbs, MA, DD., Vice-Reitor do Oak Hill Theological College, Londres
Rev. E. F. Kevan, MTh., Reitor do London Bible College.
[2] Evangelho de Mateus 23.4
[3] Atos 20.27

sábado, 31 de outubro de 2009

Reforma - a história sobre a maior história


Sinto que hoje é o dia em que posso me sentir parte de uma bela história. História que embora envolva interesses políticos, trouxe o raiar de um novo dia para o Cristianismo. História sobre uma história de amor. Amor nunca visto antes e que jamais veremos. Amor imerecido. Amor de Pai que havia se perdido não por sua ineficácia mas pela omissão por parte daqueles comissionados para a tarefa de difundi-lo. Faço parte dessa história de amor. Amor pela Bíblia, pela verdade nela contida, pelo amor que ela me apresenta. Amor de Jesus. Amor por Jesus

Isso é ser reformado. Isso é ser protestante.
Parabéns a todos que são personagens nessa história e que continuam a trabalhar por ela.


31 de outubro de 2009 - 492 anos da Reforma Protestante


Luiz Augusto
Obs. A foto é do castelo de Wartburg onde Lutero refugiou-se e fez a famosa tradução da Bíblia para o alemão.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Sentido Alterado


A medicina conceitua como ageusia o estado em que uma pessoa não consegue sentir o gosto dos alimentos. Um dos fatores que causam essa enfermidade é o uso do cigarro. A exposição à fumaça durante anos, causam danos como o não funcionamento das papilas gustativas. Estas são as estruturas encontradas na língua que permitem sentir os variados gostos que discernem os alimentos.

Esse fenômeno é um perfeito paralelo com a realidade espiritual dos membros da Igreja. Por estarem expostos ao vício letal da ignorância cultural e bíblica, muitos já não conseguem discernir certos sabores encontrados no Cristianismo; perderam o sentido da degustação e não sabem diferenciar quando o sabor é agradável ou não.

Já vi muitos crentes em Jesus terem contato com bons sermões e estudos exegéticos onde os autores primaram pela correta interpretação das Escrituras, através de análises comprometidas com as regras universais de interpretação e, mesmo após terem experimentado tal contato, quando tiveram que fazer escolhas pelas comunidades de fé que participariam, escolheram aquelas onde a ênfase era o emocionalismo e o pobre conteúdo bíblico desprovido de zelo. As igrejas na atualidade que chamam a atenção são aquelas que apresentam conglomerado de pessoas. É raro aqueles que escolhem uma denominação que preza as Escrituras. É verdade que também está cada vez mais raro ver denominações que levam a sério esse serviço: examinar as Escrituras semelhante um médico executa as técnicas da anatomia, para melhor conhecer o objeto de seu ofício. Mas pelo menos na prática, o que se vê é que mesmo quando há aqueles que praticam essa atividade, são pouco valorizados e também os menos preferidos.

Façamos escolhas certas. Basta olhar o quão pequeno é o conteúdo doutrinário dos evangélicos para vermos que escolhas erradas tem sido feitas. Nosso povo não sabe achar a doutrina da Trindade na Bíblia mas quer saber os nomes de espíritos malignos.
Deve haver algo errado quando as pessoas decidem saber aquilo que não se encontra inscrito na Bíblia e se desinteressam por aquilo que está claramente registrado lá. A assiduidade num espaço geográfico, chamado templo, não garante crescimento espiritual a ninguém. Por isso não podemos e não devemos optar o freqüentar igrejas só porque elas apresentam um espaço aconchegante ou um amontoado de gente. Quantidade nem sempre é sinônimo de qualidade. Igreja boa é aquela que à semelhança dos apóstolos, apresentam o mais profundo conhecimento bíblico pois, este constrangerá o homem a viver decentemente. Só podemos expressar uma fé prática quando cremos em doutrinas ensinadas corretamente.
Parafraseando; não percamos um sentido tão importante para o desenvolvimento de nossa vida espiritual, da mesma forma que o é para nossa vida alimentar e que nos proporciona um dos maiores prazeres nesta vida: O PALADAR.
Luiz Augusto

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Igreja Abandonada


Não! A frase acima não se refere a Jesus. Este jamais abandonou a Igreja. Quem abandonou foram os homens quanto a parte que lhes cabiam.


O pastor batista brasileiro, Ed René Kivitz na introdução de seu livro, Quebrando Paradigmas, diz:

"Dewey Mulholland disse que “a reforma Protestante do Século XVI foi essencialmente teológica, mas ainda precisamos urgentemente de uma reforma eclesiológica”. Estas palavras deram o tom do meu preparo acadêmico para o exercício do ministério pastoral. Desde então, sou movido pela convicção de que a Igreja está o que não é, e que o mote presbiteriano é um desafio renovado para cada geração de cristãos: “uma Igreja reformada, sempre se reformando"".


Por isso, reforma já!


Luiz Augusto


segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Fanini - um dos vultos batistas

Faleceu neste sábado às 6h46 (horário de Brasília), 4h46 (horário de Dallas), o pastor Nilson do Amaral Fanini, que foi diversas vezes presidente da Convenção Batista Brasileira (CBB) e que também esteve à frente da Aliança Batista Mundial (BWA, sigla em inglês).
Segundo informações do pastor David Schier, o pastor Fanini estava em viagem pelos Estados Unidos com sua esposa Helga para conhecer a sua mais nova netinha.
No entanto, durante a viagem de avião ele teve uma pneumonia e posteriormente um Acidente Vascular Cerebral (AVC) que atingiu três partes de seu cérebro.
O pastor Fanini foi então internado no Hospital Metodista da cidade de Dallas (estado americano do Texas), porém os médicos chegaram à conclusão de que a situação era irreversível, o que os levou a desligarem os aparelhos, informou o pastor David Schier.

A família, através do filho Roberto Fanini, informou que o corpo será cremado, na próxima segunda-feira, dia 21, nos Estados Unidos e não será trazido para o Brasil. Roberto também informou que no dia 27/09, em Dallas, será realizado o culto em memória e gratidão pela vida do pastor Fanini.

Os batistas brasileiros também poderão prestar sua homenagem no dia 04/10, quando será realizado na Igreja Batista Memorial de Niterói um momento de gratidão a Deus pela vida deste grande evangelista.
A câmara municipal de Niterói realizará, também no dia 04/10, uma solenidade póstuma.

Pequeno histórico

O pastor Fanini nasceu no dia 18 de março de 1932 na cidade de Curitiba (PR). Ainda jovem, aos 12 anos de idade, aceitou a Cristo como seu Senhor e Salvador após um apelo do pastor David Gomes durante uma série de conferências na capital do Paraná. Foi batizado no mesmo ano de 1944.
Na juventude, enquanto servia nas forças armadas, sentiu que Deus desejava dele um compromisso ministerial. O jovem Fanini decidiu então fazer o Seminário Menor no Instituto Teológico A.B. Deter, em Curitiba. Posteriormente, seguiu para o Seminário Teológico do Sul do Brasil (STBSB), onde completou o curso de bacharel em Teologia no ano de 1955, quando tinha 23 anos.

Ele foi consagrado ao ministério da Palavra em 24 de novembro de 1955 na Igreja Batista da Tijuca (RJ), que era então pastoreada pelo pastor Oswaldo Ronis. Um ano depois ele se casou com Helga Kepler Fanini, com quem teve três filhos, Otto Nilson, Roberto e Margareth. No mesmo ano seguiu para os EUA, onde fez mestrado em Teologia no Southwestern Baptist Theological Seminary, em Fort Worth (Texas).

Ao retornar dos EUA aceitou convite da Primeira Igreja Batista de Vitória (ES), onde atuou entre 1958 e 1964. Assumiu então a Primeira Igreja Batista de Niterói, na qual alcançou um ministério de 41 anos. Por fim, atuou na Igreja Batista Memorial de Niterói.O pastor Fanini também fundou e apresentou o programa de TV “Reencontro”.[1]
[1] Reportagem tirada do site www.batistas.com

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

GCET



Estamos lançando este mês a segunda fase do GCET. O projeto já existe há algum tempo. Esperamos agora que ele alcance seus objetivos: capacitar e edificar cristãos. Disponibilizamos aqui todos os estudos que temos atualmente e as informações principais.

Apresentação

O GCET é um ministério de ensino que visa edificar a Igreja de Cristo em sua própria comunidade local. Diferente de um seminário teológico, as aulas são ministradas através de cursos de finais de semana atendendo aos alunos de acordo com a necessidade encontrada.

Professor

Luiz Augusto de Souza Moraes – membro da Igreja Batista Brasileira - bacharel em Teologia – lecionou em instituições como Seminário Teológico de Nova Friburgo, Seminário Bíblico Internacional, Seminário Teológico Batista Nacional e Seminário Teológico Monte Sinai, assim como em diversas denominações protestantes. Já atuou como capelão no hospital público de Nova Friburgo e como capelão estudantil e professor de ensino religioso para alunos de nível fundamental em instituição particular.
Contato: ministeriomoraes@ig.com.br
Página na web: http://teologia-crista.blogspot.com/ http://twitter.com/mensagemdahora


Cursos

Os cursos de finais de semana possuem a mesma qualidade encontrada nas instituições de teologia e oferece a opção de serem realizados através de assuntos específicos. Cada curso encontra-se classificado nos grandes temas teológicos e para serem ministrados é necessária a escolha de no mínimo dois cursos (módulos) que serão apresentados em um dia ou dois, dependendo da disponibilidade da comunidade. Os cursos propostos são:


1. Teologia Bíblica do Novo Testamento:

· Módulo I - Teologia do Reino – Origem do termo; diferença entre reino de Deus e reino dos céus; Conceito sobre o assunto; interpretação de textos que contenham o assunto.
· Módulo II - Discipulado cristão I - Fundamentos históricos e exegéticos para o discipulado cristão baseados no relato de Lucas 9.57-58
· Módulo III - Discipulado cristão II - Fundamentos históricos e exegéticos para o discipulado cristão baseados no relato de Lucas 9.59-60
· Módulo IV - Discipulado cristão III - Fundamentos históricos e exegéticos para o discipulado cristão baseados no relato de Lucas 9.61-62

2. Teologia Prática:

· Módulo I - Introdução a Pregação Cristã – Origem da Pregação cristã; a pregação primitiva, fundamentos para a pregação cristã; a pregação na história; a função da pregação.
· Módulo II - Homilética I – Definição do termo; origem da homilética; tipos de sermão, estruturas do sermão.
· Módulo III - Homilética II – Técnicas vocais, gesticulação, entonação, volume; exercícios, oração.
· Módulo IV - Ética Pastoral - a postura do ministro, maneiras de saber quando se é vocacionado
· Módulo VI – Capelania Hospitalar – Definição, postura do visitador, o que não fazer dentro do ambiente hospitalar, ministério com enfermos.
· Módulo VII – Evangelismo – fundamentado na parábola do administrador infiel

3. Dogmática ou Teologia Sistemática:

· Módulo I - Introdução a Teologia – Definições, métodos da Teologia, modalidades da revelação, revelação geral e especial, Teologia como ciência, Teologia e as outras ciências.
· Módulo II - Doutrina sobre Deus
· Módulo III - Doutrina da Criação
· Módulo IV - Cristologia
· Módulo V - Pneumatologia
· Módulo VI - Doutrina da Graça
· Módulo VII - Doutrina da Trindade
· Módulo VIII - Escatologia
· Módulo IX - Santificação e Regeneração – Definição de termos, conceitos e verdades sobre a santificação e regeneração e suas relações com o fruto do Espírito.
· Módulo X - O fruto do Espírito como resultado da Regeneração – definição no original grego de cada virtude segundo o relato de Gálatas 5 com exemplos e aplicação prática.

4. Novo Testamento:

· Módulo I - Os Evangelhos sinóticos e João – diferenças e semelhanças – público alvo de cada evangelista, Cristo na definição de cada Evangelho, assuntos principais de cada evangelista.

5. Hermenêutica:

· Módulo I - Conceito e definição; oito regras universais para interpretação das Sagradas Escrituras.
· Módulo II - Figuras de linguagens – Metáfora, hipérbole, ironia, etc
· Módulo III - Parábolas – Definição e regras para interpretá-las

6. História do Cristianismo:

· Módulo I - Avivamento dos séculos XVIII e XIX – O período do Grande Despertamento – Características dos Avivamentos, A cultura onde se desenvolveram, a Inglaterra antes do Avivamento, os efeitos diretos e indiretos na história, principais personagens, situação atual dos países que tiveram avivamentos.



Obs. Outros assuntos podem ser combinados para serem aplicados.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

A lição que vem do pasto


Preguei a pouco tempo sobre o Salmo 23.1. De todas as citações da comparação pastoral como figura divina, essa é a maior. Nele, Deus é o pastor e Davi é a ovelha. É uma das formas de expressar a providência divina para todos aqueles que se declaram do rebanho do céu. O texto também serve para lembrar aos líderes cristãos a quem realmente pertence cada “ovelha” cristã: Deus.


Diante dessa comparação a responsabilidade pastoral por parte dos ministros torna-se mais severa e carente de cuidados pois Deus ao confiar o seu objeto de estima a simples homens, comparando-os a pastores, o está fazendo creditando que aqueles que foram comissionados farão o papel da melhor maneira possível, semelhante Ele o faz. E como deverá ser desempenhado? Simples. Já que a figura que relaciona o homem a Deus foi tirado do trabalho pastoril, melhor exemplo não há senão pesquisarmos como é esse relacionamento entre pastor e ovelha.


No livro “O estilo de liderança de Jesus” o Dr. Michael Youssef[1], apresenta um exemplo como resposta a seguinte pergunta: “O que Caracteriza um Bom Pastor?” Usei esse exemplo em meu recente sermão. Youssef nos diz:

"Como cresci no Oriente Médio, pude observar bem de perto o carinhoso relacionamento que existe entre o pastor e suas ovelhas... a recompensa que o pastor tem de seu trabalho é ver suas ovelhas satisfeitas, bem alimentadas, saudáveis e em segurança. Ele gasta sua energia não para ser considerado um bom pastor, mas para proporcionar ao rebanho o melhor pasto, a erva mais fresca, para encontrar água límpida, para guardar ração para o inverno. O bom pastor não mede esforços para preparar um abrigo contra as tempestades. Está sempre alerta contra os inimigos cruéis, contra as doenças e os parasitas a que as ovelhas são tão suscetíveis.

De madrugada até ao anoitecer, esses bons pastores dedicam todo o seu tempo ao bem estar de seu rebanho. Nem chegam, sequer, a descansar durante a noite; dormem com um olho e os dois ouvidos bem abertos, prontos para proteger suas ovelhas ao menor sinal de perigo."[2]

A pergunta que surge é: Será que os pastores protestantes agem como os pastores de ovelhas? A resposta é individual.

Luiz Augusto.


[1] Michael Youssef nasceu no Egito. É graduado pela Moore Theological College na Austrália, Mestre em Teologia pelo Fuller Theological Seminary na Califórnia e é Doutor em Antropologia Social pela Emory University em Atlanta.
[2] YOUSSEF, Michael. O Estilo de Liderança de Jesus. Editora Betânia – 1986

domingo, 26 de julho de 2009

SIMPLICIDADE


E, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Ele disse: Quem és, Senhor? Respondeu o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. (Romanos 9.4-5)

Já vi muita gente ser humilhada por causa da vaidade de líderes que exigiam ser chamados por suas identidades eclesiásticas (pastor, presbítero, diácono, professor, seminarista, etc.) por parte de outros cristãos. Parece que as pessoas acreditam que é na imposição de um título que está a sua autoridade. As pessoas podem saber o que fazemos no Reino dos Céus, tão certo como sabem o que fazemos em nossas profissões. Não há nada errado nisso. O que é biblicamente desnecessário e até contrário, são essas intoxicações vaidosas existentes entre irmãos. Quando a igreja é comparada a uma família é sempre da seguinte maneira: o pai é Deus, e os filhos são os cristãos. Não importa se esses irmãos são novos ou velhos. São irmãos. Talvez agora faça sentido o que o Senhor Jesus disse para seus discípulos, “Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi, porque um só é o vosso Mestre, a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos.”[1] Já falei sobre isso aqui no blog, no artigo VAIDADE BOBA II.

O Comentário Bíblico de Matthew Henry, reconhecido internacionalmente como o maior comentário bíblico devocional já escrito, registra o seguinte sobre o assunto dessas vaidades eclesiásticas:

“O orgulho era o pecado amado reinante entre os fariseus, o pecado que mais facilmente os assaltava, e contra o qual o Senhor Jesus tinha aproveitado todas as ocasiões. Para aquele que é ensinado na palavra, é digno de elogio que honre ao que ensina; mas para o que ensina é pecaminoso exigir essa honra e encher-se por isso. Quão contrário ao espírito do cristianismo é isto! Ao discípulo coerente de Cristo resulta penoso ser colocado nos lugares principais, mas quando se olha em volta na igreja visível, quem pensará que esse é o espírito requerido? Resulta claro que alguma medida deste espírito anti-cristão predomina em toda sociedade religiosa e no coração de cada um de nós.[2]

A autoridade de uma pessoa não está em seu título, mas no bom desempenho da função para o qual foi designado nesta vida. Entre irmãos na fé não há necessidade de formalismos. Qualquer consideração de honra deverá ser com penosidade para se assumir pois ao olhar para seu professor o aluno verá a tamanha humildade e simplicidade.

A frase de Jesus a Paulo poderia ser qualquer outra como: “Sou o teu Senhor”, “Sou o teu Messias” ou “Sou o Teu pastor”, porém ouvimos apenas a simplicidade de “Eu sou Jesus, a quem tu persegues”.
Luiz Augusto

[1] Evangelho de Mateus 23.8
[2] Trecho do Comentário Bíblico de Matthew Henry sobre Mateus 23.1-12 - Matthew Henry nasceu em 18 de outubro de 1662. Foi ordenado na Igreja Presbiteriana Britânica, onde serviu como pastor em Chester de 1687 a 1712.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

O exemplo do Evangelista


Sempre falei a respeito da necessidade do preparo acadêmico por parte daqueles que presidem na Igreja. É certo que muita gente não possui recursos ou acesso a cursos teológicos, embora hoje em dia esse abismo tenha diminuído muito. Isso é até entendível e desculpável. O que é indesculpável mesmo e que não dá para entender são aqueles discursos de que para o serviço cristão não é necessário o estudo.

Quis colocar aqui a citação do livro Crer é também pensar, do Dr. John Stott, considerado o maior expositor bíblico do século XX, sobre o maior evangelista de todos os tempos, Billy Graham, como testemunho de um dos maiores pregadores que o mundo já viu. O Dr. Graham, que já se referiu a John Stott como sendo o “maior clérigo do século XX”, fez uma declaração humildade e convidativa para os ministros da causa cristã. Veja a citação de Stott – que já foi capelão da rainha da Inglaterra:

“Sou muito grato ao Dr. Billy Graham por ouvi-lo dizer, numa preleção em Londres dirigida a cerca de 600 ministros, em novembro de 1970, que se tivesse que recomeçar o seu ministério de novo, estudaria três vezes do que estudou. “Tenho pregado muito e estudado tão pouco”, disse ele. No dia seguinte ele me contou uma afirmativa feita pelo Dr. Donald Barnhouse: “Se me fossem dados apenas três anos para servir ao Senhor, passaria dois desses três anos estudando e me preparando”.[1]

Se Billy Graham foi humilde para dizer isso, deveríamos nos envergonhar em passar a imprensão de que somos competentes demais ao pensar que não devemos continuar a cultivar nosso estudo.

Luiz Augusto
*A foto é do rev. Billy Graham.

[1] STOTT, John R. W. Crer é também Pensar. A importância da mente cristã. Trad. Milton Azevedo Andrade. Sexta impressão. ABU Editora. São Paulo, SP. 1994.

domingo, 19 de julho de 2009

Idolatria nossa de cada dia


Li um artigo do pastor da Igreja Presbiteriana da Barra da Tijuca, rev. Antonio Carlos intitulado “A Reforma Litúrgica”. O artigo mostrava vários pontos que, caso fossem seguidos, levaria a Igreja a prestar um culto mais harmonioso com a realidade das Escrituras. Decidi escrever sobre um dos pontos que o referido pastor citou. Nele dizia o seguinte:

“Nenhuma exigência que a Bíblia não faz deve fazer parte do culto a Deus. A Confissão de Westminster ensina que idolatria não é apenas adorar a um deus falso, mas adorar ao Deus verdadeiro de uma forma diferente daquela que é prescrita na sua Palavra.”

Quanto equívoco de nossa parte. Levando em conta essa afirmação, podemos enumerar os erros gritantes, ou melhor, idólatras em que temos caído. Quantas vezes nos dirigimos para o culto de maneira egoísta e formal, sem entendermos a razão real para o qual nós nos dirigimos a Igreja: Prestar culto a um Deus Santo. Quantas vezes cantamos como se estivéssemos mais preocupados com a nossa aparência e a opinião dos outros a nosso respeito. E quando o valor das vestes estão acima da sinceridade do coração e a piedade interior. O culto verdadeiro é aquele em que nos preocupamos com nossa aparência decente sim, mas também com a mudança da “roupa de dentro”. Muitos que lutam contra a idolatria iconoclasta (imagens) deveriam também se perguntar se não estão também caindo nas contradições idólatras de suas vidas. Idolatramos os cargos denominacionais como se esses fossem a condição indispensável ao serviço cristão, esquecendo que a pregação mais importante que temos a apresentar é a nossa vida e para isso não é necessário títulos. A adoração devida é aquela que não termina depois que o culto na igreja acaba. Podemos dizer que todas as vezes que a Palavra é desprezada e os seus desígnios não são ensinados a povo, isso também é idolatria.

Muitos crentes não sabem nada sobre as doutrinas básicas do Cristianismo, e isso também é idolatria. Sabemos muito sobre outros assuntos: vitórias, conquistas, campanhas, etc. No entanto não sabemos identificar quais virtudes temos como fruto do Espírito em nossas vidas e quais precisamos amadurecer e como fazer para que isso aconteça. Idolatria é ignorar ano após ano aquelas coisas essenciais a fé como: bondade, piedade, sinceridade, modéstia, igualdade, generosidade, etc. Se o problemas fosse só as imagens, as coisas já estavam resolvidas. Ser fiel a Deus é mais que evitar se dobrar a uma imagem, é permitir que sejamos parecidos com seu filho Jesus. É sermos sua imagem.
Luiz Augusto

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Ovelha - objeto alheio

"Simão... tu me amas?... apascenta as minhas ovelhas."
A frase de Jesus já foi pregada tantas vezes mas parece que ainda não foi bem compreendida. Quantos testemunhos já ouvimos daqueles que são preteridos, ou seja, deixados de lado, pelos pastores de certas comunidades. São principalmente aqueles que por suas realizações modestas não chamam a atenção dos pastores locais porque aparentemente não possuem nada a oferecer.

E aqueles que por possuirem recursos financeiros são alvos de superestima e objetos de tratamento especial? Qual a semelhança entre esses membros de igreja? É que ambos são objetos de descuido pastoral enquanto são apenas números, ou seja, estão classificados entre os que podem e tem algo a oferecer enquanto que outros não podem e nada possuem para oferecer. Será que essas pessoas foram confiadas a determinado líder para que este pudesse decidir e fazer o que bem entender com suas vidas? Afinal a quem essas pessoas pertencem? Aí está a frase de Jesus para esclarecer isso de uma vez por todas.

Embora os cristãos sejam metaforicamente e coletivamente chamados de “rebanho” e individualmente de “ovelhas” e “cordeiros”, são assim identificados como objeto de posse da divindade. A maioria dos pastores agem como se o rebanho ou a ovelha fosse seu objeto de posse crendo que possuem o direito de agir livremente como que alguém que nunca fosse prestar contas. Por isso essas acepções dentro das comunidades de fé. A metáfora pastoral é perfeita para o uso das relações entre o líder e o povo, menos por um detalhe. Enquanto que os pastores de ovelhas têm posse de suas ovelhas, o pastor cristão tem a responsabilidade de cuidar daquilo que não é seu.
O povo é rebanho sim, mas de Deus. É ovelha sim, mas de Cristo e não deles. Que os pastores protestantes se lembrem disso.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Pensar - a ação que leva a resultados - II


A primeira parte desse artigo mostra o exemplo do perigo ameaçador para o Nazismo que foi a presença dos pensadores. O mesmo acontece com o Cristianismo. Não há interesse por parte de muitos lideres que haja pensadores na Igreja. Eis algumas razões:

1. Os pensadores ameaçam seus impérios. Quando os cristãos são levados a pensar, tornam-se libertos do domínio daqueles que os manipulam e exploram.

2. Os pensadores os obrigam a estudar. Muitos líderes são ociosos e não se importam com a qualidade mas quantidade (numérica e financeira) de sua comunidade; por isso acham que qualquer coisa pode ser dada ao povo, como se ele fosse qualquer coisa. Os pensadores os coagem a levar substância para o púlpito e edificar os santos.

3. Os pensadores não se conformam com aqueles equívocos estabelecidos como verdades que muitos líderes incapazes aprovam. A verdade torna-se a condição indispensável para a fé e o padrão para a conduta (ortopraxia), obrigando os líderes analisarem suas proposições, a mudarem seus discursos, combatendo assim as falácias doutrinárias.

4. Os pensadores não negociam suas convicções. O que torna os líderes indesejosos de relacionar-se com pensadores, pois estes, uma vez persuadidos pela verdade, lutam até o fim por uma reforma.
Luiz Augusto

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Pensar - a ação que leva a resultados - I


Transcrevo aqui um trecho do livro Filosofia para Iniciantes do grande teólogo e filósofo cristão R. C. Sproul, onde este conta a breve história de um professor que varria as ruas nos Estados Unidos e que, por ser um pensador, foi expulso da Alemanha na Segunda Guerra Mundial:

“Achei muito estranho que um homem cuja principal ocupação é varrer ruas pudesse ser tão versado no campo abstrato da filosofia. Toda aquela conversa me pareceu estranha. Eu tinha de lhe perguntar como sabia tanto sobre filosofia. Sua história era de fazer chorar.
Meu novo amigo era da Alemanha. Obtivera o grau de Ph.D. em filosofia e havia sido professor de filosofia em Berlim. Quando Adolf Hitler chegou ao poder, os nazistas não se contentaram em encontrar uma “solução definitiva” para judeus e ciganos. Eles também tentaram eliminar intelectuais cujas idéias não combinassem com os “valores” do Terceiro Reich. Meu amigo perdeu seu cargo. Quando arriscou falar contra os nazistas, sua esposa e seus filhos foram presos e executados. Ele escapou da Alemanha apenas com a filha mais nova.... Meu amigo, todavia, estava com uma vassoura nas mãos porque vinha de uma cultura que dava grande valor à filosofia. Sua família fora destruída porque Hitler sabia que idéias são perigosas. Hitler temia tanto as conseqüências das idéias do meu amigo que fez tudo o que podia para eliminá-lo – juntamente com suas idéias.[1]


[1] Filosofia para iniciantes 10-11

domingo, 14 de junho de 2009

O ministro ideal segundo George Whitefield


Realmente parece que não se fazem mais ministros como antigamente. Quer dizer, como dos séculos dezesseis a dezenove. Homens que tinham motivações e Teologias bem diferentes dos dias atuais. Whitefield que foi um desses grandes ministros deixou sua opinião sobre isso, como registra essa frase.


"Deus não pode enviar a uma nação ou a um povo maior bênção do que dar-lhes ministros fiéis, sinceros e retos, assim como o maior anátema que Deus possa dar ao povo deste mundo é dar-lhes guias cegos, não-regenerados, carnais, mornos e ineptos".

Rev. George Whitefield* (1714-1770)

Príncipe dos pregadores ao ar livre

* Evangelista avivalista no período do "Grande Despertamento" (Great Awakening, 1739-1745), um movimento cristão que combinava evangelismo e reforma social.

terça-feira, 21 de abril de 2009

IGREJA - O ASSUNTO DE EFÉSIOS


Tenho examinado minuciosamente a Epístola de Paulo aos Efésios. É obra espetacular que revela o valor da Igreja. Transcrevo parte do livro do Dr. Broadus David Hale, Introdução ao Estudo do Novo Testamento, que tanto expressa o valor desse escrito paulino para a fé.


Se fosse realizada uma eleição para decidir qual seja a maior das cartas de Paulo, Romanos provavelmente seria escolhida; mas, a Epístola aos Efésios seria uma segunda, muito próxima. Esta epístola foi acertada­mente denominada a "Rainha das Epístolas". João Calvino dizia que ela era sua favorita. Quando João Knox estava moribundo, em sua cama, ele freqüentemente pedia que os "Sermões Sobre a Carta aos Efésios", de Calvino, fossem lidos para ele. Samuel Coleridge, um grande poeta e filósofo do século passado, chamou-a de a mais divina composição da literatura.
A foto é da Briarwood Presbyterian Church - BIRMINGHAM, ALABAMA.

PREPARE-SE PELO AMOR DE DEUS


Assumir um púlpito para pregar é tarefa das mais urgentes, e por sua importância, das que mais necessitam de aprendizado.

Ninguém se atreve a realizar tarefas sem estar qualificado para desempenhá-las. Ninguém se aventura a defender sua própria causa diante de um tribunal de justiça, argumentando com um juiz. Para isso escolhem os melhores juristas e advogados para defender seus direitos. Tampouco são capazes de realizar cirurgias, tanto nos outros como em si mesmos. Ao contrário, se entregam aos cuidados dos profissionais de saúde acreditando nas destrezas dos que possuem habilitação para o tratamento médico. Jamais se arriscariam a pilotar uma aeronave com trezentas pessoas a bordo, levando-as de um aeroporto a outro sem antes aprenderem o ofício da aviação. Para as questões de ordem humana as pessoas se sentem incompetentes e se submetem àqueles que dominam seus ofícios ou estudam quando querem exercer determinada profissão, mas para o serviço da fé, aqueles que abrangem os assuntos de ordem eterna, se sentem prontos, capazes e idôneos sem nenhum tipo de preparo. Com isso empobrecem o valor da tarefa cristã assumindo que esta pode ser realizada de qualquer maneira, enquanto que as demais tarefas da vida que são, do ponto de vista humano, passageiras, devem ser realizadas com preparo e grande empreendimento de tempo. São mais cuidadosos com suas profissões do que com seus ministérios. Bem disse Richard Baxter ao povo de Kiddermister:

“Se vós apenas desejásseis obter o conhecimento de Deus e das coisas celestiais tanto quanto desejais saber exercer vossa profissão, já teríeis vos lançado a este empreendimento, sem vos importardes com o custo ou as dificuldades, até que o tivésseis obtido. Mas vós dedicais de bom grado sete anos a aprender a profissão, e nem um dia, em cada sete, quereis entregar ao aprendizado diligente das coisas concernentes à vossa salvação.”[1]
[1] STOTT, John. O Perfil do Pregador. 4 ed. São Paulo: Sepal, 2000. p. 32


(Este é o trecho de uma apostila de homilética que preparei e que pretendo um dia lançar como livro) Luiz Augusto